A minha cabana encontra-se no meio de uma densa floresta;
Todos os anos a hera verde cresce mais longa.
Não chegam aqui notícias dos assuntos dos homens,
Apenas a canção ocasional de um lenhador.
O sol brilha e eu remendo o meu hábito;
Quando a lua surge no céu leio poemas budistas.
Não tenho nada a dizer, meus amigos.
Se quereis encontrar o significado, deixai de correr atrás de tantas coisas.
Paramada (Guia da Meditação, Editorial Presença, p.155)
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Breve Vertigem
Não deixaremos de explorar
e o final da nossa exploração
será chegar ao ponto de partida
e conhecer pela primeira vez
Pela porta desconhecida e recordada
quando a última coisa por conhecer na terra
é aquilo que estava no princípio.
Na origem do rio mais longo
a voz da encoberta catarata
e das crianças desconhecidas na macieira,
desconhecidas porque não as procuram mas ouvem,
são meio ouvidas, na tranquilidade
entre duas ondas do oceano.
Rápidos agora, aqui, agora, sempre,
uma condição de completa simplicidade
(que custa nada menos que tudo)
e estará bem e todos os modos das coisas estarão bem
quando as línguas de fogo estão dobradas
no nó coroado de fogo
e o fogo e a rosa são um
T.S. Eliot
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“Todos os caminhos vão e vêm do centro. Segui-los é uma procura, mas tomar consciência deles a dado momento é um acto de entrega. Até a ânsia de chegar a ser um iluminado desaparece.”
Danah Zohar e Ian Marshal – “Inteligência Emocional”; Sinais de Fogo; 1ªed., Lisboa
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"No dia em que a flor de lótus desabrochou,
A minha mente vagava, e eu não a percebi.
Minha cesta estava vazia, e a flor ficou esquecida.
Somente agora e novamente, uma tristeza caiu sobre mim.
Acordei do meu sonho sentindo o doce rastro
De um perfume no vento sul.
Essa vaga doçura fez o meu coração doer de saudade.
Pareceu-me ser o sopro ardente no verão, procurando completar-se.
Eu não sabia então, que a flor estava tão perto de mim,
Que ela era minha, e que essa perfeita doçura tinha desabrochado
No fundo do meu próprio coração."
Rabindranath Tagore (Nóbel da Literatuta 1913)
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Onde a mente é destemida e a cabeça se mantém erguida;
Onde o conhecimento é livre;
Onde o mundo não foi dividido em fragmentos por estreitas paredes domésticas;
Onde as palavras brotam das profundesas da verdade;
Onde o esforço infatigável estende seus braços para a perfeição;
Onde o límpido regato da razão não se embrenhou, perdido, nas sombrias areias desérticas do hábito estagnado;
Onde a mente, guiada por Ti, avança rumo ao pensamento e à acção sempre mais amplos;
Neste céu de liberdade, meu Pai, permite que minha pátria desperte!
Rabindranath Tagore (Nóbel da Literatuta 1913)
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Samadhi
Levantados os véus de luz e sombra,
Evaporada toda a bruma de tristeza,
Singrado para longe todo o amanhecer de alegria transitória,
Desvanecida a turva miragem dos sentidos.
Amor, ódio, saúde, doença, vida, morte:
Extinguiram-se estas sombras falsas na tela da dualidade.
A tempestade de maya serenou
Com a varinha mágica da intuição profunda.
Presente, passado, futuro já não existem para mim,
Somente o Eu sempiterno, onifluente, Eu, em toda a parte.
Planetas, estrelas, poeira de constelações, terra,
Erupções vulcânicas de cataclismos do juízo final,
A fornalha modeladora da criação,
Geleiras de silenciosos raios X, dilúvios de electrões ardentes,
Pensamentos de todos os homens, pretéritos, presentes, futuros,
Toda a folhinha de grama, eu mesmo, a humanidade,
Cada partícula da poeira universal,
Raiva, ambição, bem, mal, salvação, luxúria,
Tudo assimilei, tudo transmutei
No vasto oceano, de sangue de meu próprio Ser indiviso
Júbilo em brasa, frequentemente abanado pela meditação
Cegando meus olhos marejados,
Explodiu em labaredas imortais de bem-aventurança,
Consumiu minhas lágrimas, meus limites, meu todo.
Tu és Eu, Eu sou Tu,
O Conhecer, o Conhecedor, o Conhecido, unificados!
Palpitação tranquila, ininterrupta, paz sempre nova, eternamente viva.
Deleite transcendente a todas as expectativas da imaginação, beatitude
do samadhi!
Nem estados inconsciente,
Nem clorofórmio mental sem regresso voluntário,
Samadhi amplia meu reino meu reino consciente
Para além dos limites de minha moldura mortal
Até a mais longínqua fronteira da eternidade
Onde Eu, o Mar Cósmico,
Observo o pequeno ego flutuante em Mim.
Ouvem-se, dos átomos, murmúrios móveis;
A terra escura, montanhas, vales, são líquidos em fusão!
Mares fluidos convertem-se em vapores de nebulosas!
Om sopra sobre os vapores, descortinando prodígios mais além,
Oceanos desdobram-se revelados, electrões cintilantes,
Até que, ao último som do tambor cósmico
Transfundem-se as luzes mais densas em raios eternos
De bem-aventurança que em tudo se infiltra.
Da alegria eu vim, para a alegria eu vivo, na sagrada alegria me dissolvo.
Oceano da mente, bebo todas as ondas da criação.
Os quatro véus do sólido, líquido, gasoso, e luminoso
Levantados.
Eu, em tudo, penetro no grande Eu.
Extintas para sempre as vacilantes, tremeluzentes sombras das
lembranças mortais:
Imaculado é meu céu mental – abaixo, à frente e bem acima;
Eternidade e Eu, um só raio unido.
Pequenina bolha de riso, eu
Me converti no próprio Mar da Alegria.
Paramahansa Yogananda (difusor do Kriya Yoga no Ocidente)
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